Dossiê Arquivo, Memória e Saúde (v. 17, n. 2) abr./jun. de 2023

24-11-2022

Os arquivos são instituições que expressam relações de poder. Silêncios, esquecimentos, apagamentos e invisibilidades não são elementos neutros na construção de suas fontes e fundos; como também não são neutras as formas como esses elementos lembram e tornam visíveis certos indivíduos, grupos sociais, instituições e acontecimentos históricos. A partir deles podemos perceber questões como a negociação entre memória e esquecimento, o direito ao uso e à privacidade de dados pessoais e a luta por reconhecimento e prevalência de dinâmica de poderes e interesses. Em um momento no qual vozes minorizadas são caladas, muitas vezes à força e de forma violenta, há que se ressaltar a importância dos processos de arquivamento de suas experiências como sujeitos históricos e o papel das instituições de memória. A ideia de arquivo como memória coletiva é por vezes empregada como metáfora para discutir o papel social e cultural dos arquivos. Argumenta-se aqui que a ideia é mais do que apenas uma metáfora. O conceito é sustentado por teorias que veriam coleções de documentos artefatos materiais como meio de estender o alcance temporal e espacial de comunicação. Arquivos, juntamente com outros recursos comunicacionais como oralidade, tradição e ritualidades, ajudam a fazer circular informações – e assim sustentar a memória – sobre o passado e a projetar memórias para futuros. 

Este dossiê procura lançar olhares críticos às políticas, processos e práticas de arquivamento relacionados a documentos que versam sobre saúde. Também integra o escopo de possibilidades de análise a discussão sobre as transformações nos arquivos de instituições de saúde no contexto da cultura digital contemporânea. 

Em resumo, o dossiê procura abarcar, de maneira interdisciplinar, especialmente com os campos da Comunicação, da Ciência da Informação, da História e da Saúde Coletiva, os seguintes temas:

  • Teorias, políticas e práticas arquivística em relação a fenômenos de saúde;
  • Arquivos e práticas arquivísticas em instituições de ciência e saúde;
  • Usos de arquivos públicos, privados e pessoais em pesquisas envolvendo comunicação, informação e saúde; 
  • Modos de organização, acesso e divulgação de arquivos e coleções de documentos integrantes do patrimônio da ciência e da saúde; 
  • Comparações entre políticas nacionais de organização, conservação e acesso a arquivos; 
  • Os arquivos em suas dinâmicas de trabalho de memória e esquecimento. 
  • Arquivo, memória e gestão da informação; 
  • Os arquivos e as formas de lembrança/esquecimento, visibilidade/invisibilidade, de grupos sociais minorizados a partir de marcações de raça, gênero, sexualidade, classe, doenças e assim por diante; 
  • A cultura digital e os processos de arquivamento;
  • Dados pessoais, privacidade e produção de arquivos como prática mercadológica em saúde;
  • Arquivo, subjetividade, memória e saúde. 

Editores convidados: Ana Paula Goulart Ribeiro (ECO/UFRJ), Luciana Heymann (COC/Fiocruz) e Igor Sacramento (Icict/Fiocruz).

Prazo de submissão: até 28 de fevereiro de 2023.

Estimativa de publicação: v. 17, n. 2, abril/junho de 2023.

Ao submeter o trabalho, por favor, use a categoria Dossiê Arquivo, memória e saúde.

 

Dossier on Archives, Memory and Health (v. 17, n. 2) April/June 2023

Archives are institutions that express power relationships. Silence, forgetting, erasure and invisibility are not neutral elements in the construction of their sources and fonds; nor are the ways in which these elements remind us of and make visible certain individuals, social groups, institutions and historical events neutral. Through them we can become aware of issues such as the negotiation between remembering and forgetting, the right to use private data and the right to privacy, and the fight for recognition and the prevalence of power and interest dynamics. At a time when minority voices are silenced—often forcefully or violently—the importance of the processes to archive their experiences as historical actors and the role of archival institutions must be emphasized.

The idea of archives as collective memory is sometimes employed as a metaphor when discussing the social and cultural role of archives. Some argue that the idea is more than just a metaphor. The concept is supported by theories that view collections of material artefact documents as a means to extend the temporal and spatial reach of communication. Archives, together with other communicational resources such as orality, tradition and rituals, aid the circulation of information — and thus sustain memory — on the past and project memory into the future.

This dossier seeks to critically analyze the policies, processes and practices of archival activities related to documents on health. This also includes possibilities regarding the analysis and discussion of the transformations in healthcare institution archives in the context of contemporary digital culture.

In summary, the dossier seeks to cover the following themes in an interdisciplinary way, with emphasis on the fields of Communication, Information Science, History and Collective Healthcare:

  • Archival theories, policies and practices in relation to health phenomena;
  • Archives and archival practices in science and healthcare institutions;
  • Uses of public, private and personal archives in research involving communication, information and health;
  • Methods for organizing, providing access to and disseminating the information in archives and collections of documents that make up the heritage of the disciplines of science and healthcare;
  • Comparisons between national policies regarding organization, preservation and access to archives;
  • The dynamics of memory and forgetting in work processes at archives;
  • Archives, memory and information management;
  • Archives and the forms of remembering/forgetting, visibility/invisibility of minority social groups identified based on race, gender, sexual orientation, class, diseases, etc.;
  • Digital culture and archival processes;
  • Personal data, privacy and the production of archives as a marketing practice in healthcare;
  • Archives, subjectivity, memory and healthcare.

 

Guest Editors: Ana Paula Goulart Ribeiro (ECO/UFRJ), Luciana Heymann (COC/Fiocruz) and Igor Sacramento (Icict/Fiocruz).

Submission deadline: January 31, 2023.

Estimated publication date: v. 17, n. 2, April/June 2023.

When submitting your article, please use the category Dossier Archives, Memory and Health.

 

Dossier, Archivo, Memoria y Salud (v. 17, n. 2) abr./jun. desde 2023

Los archivos son instituciones que expresan relaciones de poder. Los silencios, los olvidos, las borraduras y las invisibilidades no son elementos neutros en la construcción de sus fuentes y fondos; tampoco son neutrales las formas en que estos elementos recuerdan y visibilizan a ciertos individuos, grupos sociales, instituciones y hechos históricos. Desde ellos podemos percibir cuestiones como la negociación entre la memoria y el olvido, el derecho al uso y privacidad de los datos personales y la lucha por el reconocimiento y prevalencia de dinámicas de poderes e intereses. En un momento en que las voces minoritarias son silenciadas, muchas veces por la fuerza y ​​la violencia, es necesario enfatizar la importancia de los procesos de archivo de sus experiencias como sujetos históricos y el papel de las instituciones de memoria. La idea de los archivos como memoria colectiva a veces se utiliza como metáfora para discutir el papel social y cultural de los archivos. Se argumenta aquí que la idea es más que una simple metáfora. El concepto está respaldado por teorías que ven las colecciones de documentos como artefactos materiales como un medio para extender el alcance temporal y espacial de la comunicación. Los archivos, junto con otros recursos de comunicación como la oralidad, la tradición y los rituales, ayudan a hacer circular la información, y por lo tanto a sostener la memoria, sobre el pasado y proyectar recuerdos para el futuro.

Este dossier busca hacer una mirada crítica a las políticas, procesos y prácticas de archivo relacionados con los documentos que tratan de la salud. El ámbito de posibilidades de análisis también incluye la discusión sobre las transformaciones en los archivos de las instituciones de salud en el contexto de la cultura digital contemporánea.

En síntesis, el dossier busca abarcar, de manera interdisciplinaria, especialmente con los campos de la Comunicación, las Ciencias de la Información, la Historia y la Salud Colectiva, los siguientes temas:

  • Teorías, políticas y prácticas archivísticas en relación con los fenómenos de salud;
  • Archivos y prácticas archivísticas en instituciones científicas y de salud;
  • Usos de archivos públicos, privados y personales en investigaciones relacionadas con la comunicación, la información y la salud;
  • Métodos de organización, acceso y difusión de archivos y colecciones de documentos que forman parte del patrimonio de la ciencia y la salud;
  • Comparaciones entre políticas nacionales sobre organización, conservación y acceso a archivos;
  • Los archivos en su dinámica de trabajo de memoria y olvido;
  • Gestión de archivos, memorias e informaciones;
  • Archivos y formas de recordar/olvidar, visibilizar/invisibilizar, de grupos sociales minorizados por marcaje de raza, género, sexualidad, clase, enfermedades, etc.;
  • Cultura digital y procesos de archivo;
  • Datos personales, privacidad y producción de archivos como práctica de marketing en salud;
  • Archivo, subjetividad, memoria y salud.

Editores invitados: Ana Paula Goulart Ribeiro (ECO/UFRJ), Luciana Heymann (COC/Fiocruz) e Igor Sacramento (Icict/Fiocruz).

Plazo de presentación: hasta el 31 de enero de 2023.

Estimativa de publicación: v. 17, núm. 2, abril/junio 2023.

Al enviar el trabajo, utilice la categoría Dossier Archivo, memoria y salud.

 

Dossier Archive, Mémoire et Santé (v. 17. n.2) avr./juin 2023

Les archives sont des institutions qui expriment des relations de pouvoir. Les silences, les oublis, les effacements et les invisibilités ne sont pas d’éléments neutres dans la construction de leurs sources et fonds ainsi que ne sont pas neutres les façons dont ces éléments rappellent et rendent visibles quelques individus, groupes sociaux, institutions et événements historiques. À partir d’eux, nous pouvons comprendre les questions comme la négociation entre la mémoire et l’oubli, le droit à l’utilisation et à la privacité des données personnelles et la lutte pour la reconnaissance et la prédominance de la dynamique de pouvoirs et intérêts. Dans un moment où les voix des minorités sont silencées, souvent par la force ou violemment, il faut souligner l’importance des processus d’archivage de leurs expériences en tant que sujets historiques et le rôle des institutions de mémoire. L’idée de l’archive en tant que mémoire collective est parfois employée comme métaphore pour discuter du rôle social et culturel des archives. On argumente ici que l’idée est plus qu’une simple métaphore. Le concept est soutenu par des théories qui considérerait les collections de documents artefacts matériels comme un moyen de prolonger la portée temporelle et spatiale de la communication. Les archives, conjointement aux autres ressources communicationnelles comme l’oralité, la tradition et les rituels, aident à diffuser les informations – et, de cette manière, à soutenir la mémoire – sur le passé et à envisager des mémoires dans l’avenir.

Ce dossier vise à porter un regard critique aux politiques, processus et pratiques d’archivages liés aux documents relatifs à la santé. La discussion sur les transformations dans les archives des institutions de santé dans le contexte de la culture numérique contemporaine fait également partie du champ des possibilités d’analyse.

Enfin, le dossier cherche à englober de manière interdisciplinaire, notamment aux domaines de la Communication, de la Science de l’Information, de l’Histoire et de la Santé Collective, les thèmes suivants :

  • Théories, politiques et pratiques archivistiques par rapport aux phénomènes de santé ;
  • Archives et pratiques archivistiques dans les institutions de science et santé ;
  • L’utilisation d’archives publiques, privés et personnels en recherche impliquant la communication, l’information et la santé ;
  • Modes d’organisation, d’accès et de diffusion d’archives et de collections de documents appartenant au patrimoine de la science et de la santé ;
  • Les comparaisons entre politiques nationales d’organisation, de conservation et d’accès aux archives ;
  • Les archives dans leurs dynamiques de travail de mémoire et d’oubli ;
  • L’Archive, la mémoire et la gestion de l’information ;
  • Les archives et les façons du souvenir/de l’oubli, de la visibilité/de l’invisibilité de groupes sociaux minorités à partir de marquage de race, genre, sexualité, classe, maladies et d’autres ;
  • La culture numérique et les processus d’archivage ;
  • Les données personnelles, la privacité et la production d’archives comme pratique du marché en santé ;
  • L’archive, la subjectivité, la mémoire et la santé.

Éditeurs invités : Ana Paula Goulart Ribeiro (ECO/UFRJ), Luciana Heymann (COC/Fiocruz) e Igor Sacramento (Icict/Fiocruz).

Délai de soumission : jusqu’au 28 février 2023.

À paraître : v.17, n. 2, avr./juin 2023

Lors de la soumission du travail, veuillez utiliser la catégorie Dossier Archive, Mémoire et Santé.