Quando se fecha os olhos e vê: por uma metodologia afetiva
DOI:
https://doi.org/10.29397/reciis.v16i3.3299Palavras-chave:
Afetos, Metodologia afetiva, Decolonialidade, Literatura negra, Bioética.Resumo
Decolonizar a construção de conhecimento é uma experiência de enfrentamento de um modo de ‘fazer científico’ que se tornou hegemônico nas universidades brasileiras, centralizado na razão cartesiana e pautado em métodos coloniais, rígidos e disciplinados. Apresento uma experiência metodológica de se fazer pesquisa guiada pelos afetos, inspirada na escrevivência de Conceição Evaristo, escritora, acadêmica e militante. Exponho, no presente artigo, o fluxo metodológico que foi acontecendo ao escrever a minha tese acreditando ter sido esse um caminho afetivo-metodológico. Tal fluxo metodológico se mostra pertinente, já que evidencia outra forma de construção de conhecimento pautado em bases contra-hegemônicas, quais sejam: a escolha de uma categoria de análise subjetiva (os afetos) e o desenvolvimento de uma análise subjetiva; a integração entre a pessoa que pesquisa e o material pesquisado; a interdisciplinaridade como forma de ampliação do olhar e, portanto, da pesquisa; a conexão entre os afetos e a escrita.
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