O lampejo dos rastros nos intervalos da montagem: notas metodológicas sobre a incursão em arquivos da febre amarela e gripe espanhola
DOI:
https://doi.org/10.29397/reciis.v17i2.3611Palavras-chave:
Arquivo, Montagem, Fabulação crítica, Febre amarela, Gripe espanholaResumo
No presente artigo, tecemos reflexões e apresentamos conceitos que têm orientado uma pesquisa nos registros de arquivos sobre a febre amarela e a gripe espanhola, nos acervos da Fundação Oswaldo Cruz, da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional. A pesquisa é centrada na busca dos rastros e das ruínas desses eventos epidêmicos, mediante o método da montagem e com a perspectiva do limiar. Buscamos, por meio dessas materialidades, criar intervalos, experimentar e tecer brechas que prefiguram outros possíveis. Defendemos que, ao manejar, por meio da fabulação crítica, as formas como uma epidemia se faz aparecer, habilitamos a elaboração de uma imaginação política capaz de conferir ao futuro outras possibilidades e outros agenciamentos que não sejam a catástrofe e a melancolia.
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