“Pra mim ... são as montanhas rochosas...” consumo, espetáculo e muito mais no ultrasom obstétrico no Rio de Janeiro da virada do século

Autores

  • Ivan da Costa Marques Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Matemática, Departamento de Ciência da Computação, Leme, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
  • Lilian Krakowski Chazan Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.3395/reciis.v3i4.725

Palavras-chave:

teoria ator-rede, ultra-som, tecnologia, Rio de Janeiro, híbridos, estudos CTS

Resumo

Este artigo mobiliza a chamada “teoria ator-rede” para abordar a tecnologia de ultra-som obstétrico no Rio de Janeiro no início do século XXI como uma tecnologia ‘indispensável’ no acompanhamento pré-natal. Sem almejar compor uma lista exaustiva, o artigo põe em cena um elenco de elementos heterogêneos que agem em justaposição configurando a especificidade da tecnologia estudada, ensejando sua delimitação e nomeação. Os elementos híbridos aqui apresentados – aparelhagem, didatismo, tranqüilidade, oráculo, afetos, prestí- gio, mercado, mídia, patologia, purificação – são configurados e entendidos como agentes ou actantes híbridos que são simultaneamente 1) naturais mas sem formas definidas que estejam lá já previamente dadas para serem ‘simplesmente’ descobertas (formas de “coisas-em-si”); 2) coletivos mas não sociais se a este adjetivo for atribuído o sentido de pertencer a um mundo exclusivo de relações de “humanos-entresi”; e ainda 3) narrados mas não constituídos só pelo discurso. A performance deste trabalho é praticar um primeiro movimento de afastamento da tradição de grandes divisores tomados a priori, predominantes nos últimos séculos nos estudos do conhecimento dito moderno: natureza x sociedade, público x privado, coração x mente, ciência x crença, humano x não-humano, masculino x feminino, macro x micro, local x global. Interessa-nos especialmente que, na medida em que se obtém este afastamento, surgem / co-constroem-se outras paisagens para os estudos CTS (ciência-tecnologia-sociedade) no Brasil – nelas, em linguagem crua, o que existe é o que age, e só entidades híbridas têm a capacidade da ação. O passo seguinte deste trabalho, indicado mas não completado aqui, é estudar os lugares onde se passam as ações que configuram os elementos apresentados e por que meios (veículos materiais) eles se comunicam, articulam e agem uns sobre os outros.

Publicado

31-12-2009

Como Citar

Marques, I. da C., & Chazan, L. K. (2009). “Pra mim . são as montanhas rochosas.” consumo, espetáculo e muito mais no ultrasom obstétrico no Rio de Janeiro da virada do século. Revista Eletrônica De Comunicação, Informação & Inovação Em Saúde, 3(4). https://doi.org/10.3395/reciis.v3i4.725

Edição

Seção

Artigos originais